Exportação de calçados produzidos no Ceará caiu 8,7% em 2023; retração no País foi de 23%

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Apesar de ser o segundo maior exportador de calçados do País, atrás apenas do Rio Grande do Sul, o Ceará exportou 36,6 milhões de pares recuo de 8,7% em relação ao ano anterior

Resultado das dificuldades nas exportações de calçados e do aumento da entrada de produtos estrangeiros no Brasil, a balança comercial do setor caiu 23% ao longo do ano passado. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, no ano passado, as exportações do setor somaram 118,34 milhões de pares e US$ 1,16 bilhão, quedas de 16,6% em volume e de 10,8% em receita em relação a 2022. Segregando apenas dezembro, a queda foi ainda maior.

Os números registrados apontam a exportação de 7,45 milhões de pares e US$ 73,44 milhões, quedas de 41,5% e de 33,3%, respectivamente, ante o mês correspondente de 2022.

Ceará

O Ceará aparece na segunda posição entre os exportadores brasileiros de calçados. Em 2023, partiram das fábricas cearenses 36,6 milhões de pares por US$ 265,44 milhões, quedas de 8,7% e de 0,5%, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Liderança

O maior exportador de calçados do Brasil seguiu sendo o Rio Grande do Sul, de onde foram exportados 35,3 milhões de pares por US$ 544,82 milhões, quedas tanto em volume (-17,5%) quanto em receita (-11,6%) ante 2022.

Com quedas de 28,4% em volume e de 20,9% em receita gerada, São Paulo foi a terceira principal origem das exportações de calçados no ano. No período, partiram das fábricas paulistas 7,58 milhões de pares e US$ 109,56 milhões.

Desaquecimento

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o movimento de queda era esperado, especialmente diante do desaquecimento das economias dos Estados Unidos e Europa, com altas taxas de juros e inflação recorde.

“Os Estados Unidos, principal destino do calçado brasileiro no exterior, puxaram os números ainda mais para baixo. A queda para aquele mercado foi três vezes maior, em proporção, do que a queda das exportações em geral”, avalia Ferreira. Além do desaquecimento da economia global, o dirigente lista a retomada da produção chinesa, que aumentou a concorrência internacional.

Destinos

Principal destino do calçado brasileiro ao longo de 2023, os Estados Unidos contribuíram para a queda nas exportações. Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram embarcados para lá 10,64 milhões de pares e US$ 227 milhões, quedas tanto em volume (-40,4%) quanto em receita (-32%) em relação a 2022.

Apesar das dificuldades internas, especialmente com relação às parcas reservas internacionais, a Argentina foi o segundo destino do calçado brasileiro no ano passado. No período, foram embarcados para lá 14 milhões de pares e US$ 223,8 milhões, queda de 11,8% em volume e incremento de 24,8% em receita na relação com 2022.

Fechando o ranking dos destinos em 2023 apareceu a França. No ano, foram embarcados para o país do Velho Continente 2,84 milhões de pares por US$ 58,8 milhões, quedas de 53,5% e 10%, respectivamente, ante 2022.

Importações cresceram 20,6% em 2023

No sentido contrário ao das exportações, cresceram as importações de calçados no ano. Entre janeiro e dezembro, entraram no Brasil 28,36 milhões de pares por US$ 442,73 milhões, altas tanto em pares (+9,8%) quanto em receita (+20,6%) em relação a 2022. As principais origens seguem sendo os países asiáticos. Somente Vietnã, Indonésia e China responderam por mais de 80% dos calçados que entraram no Brasil.

A principal origem das importações no ano foi o Vietnã (9,5 milhões de pares e US$ 213 milhões, incrementos de 15,6% e 21,4%, respectivamente, ante 2022). Na sequência apareceram Indonésia (4,5 milhões de pares e US$ 87,5 milhões, incrementos de 45,8% e 42,2%) e China (9,46 milhões de pares e US$ 47,9 milhões, quedas de 8,9% e 2,9%).

Em partes de calçados - cabedais, palmilhas, saltos, solados etc -, as importações do ano somaram US$ 28,7 milhões, 5,2% menos do que em 2022. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.