"Ser-tão: Cartografias da Alma em Luz e Sombra" traz imersão na alma do Ceará em fotos

foto
Através das lentes, desvenda-se as nuances ocultas nas vastas paisagens, nas faces que carregam mil histórias, nos olhares que espelham o tempo, nas texturas que revelam a essência da terra e nas vivências que moldam o povo Foto: Divulgação/Marcos Vieira

A exposição de fotografias 'Ser-tão: Cartografias da Alma em Luz e Sombra' será aberta no dia 15 de setembro, às 8h.

Será em paralelo à 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Áridas, Semiáridas e Subúmidas Secas – ICID III, que acontece de 15 a 19 de setembro de 2025, no Centro de Eventos do Ceará.

Os eventos serão realizados pela Funcepe, Governo Federal - MCTI e Governo Estadual - Secitece; e tendo como apoiadores culturais: Grupo J.Macêdo e IFCE. 

Fotos

Com fotografias de Celso Oliveira e Marcos Vieira, "Ser-tão" é mais que uma exposição fotográfica; é uma imersão profunda na alma do Ceará, essa relíquia pulsante do Nordeste brasileiro. Através das lentes, desvenda-se as nuances ocultas nas vastas paisagens, nas faces que carregam mil histórias, nos olhares que espelham o tempo, nas texturas que revelam a essência da terra e nas vivências que moldam o povo. Cada fotografia é um portal, um convite à redescoberta de uma região que, muitas vezes, é erroneamente reduzida à aridez e à mera luta pela sobrevivência.

Contrastes

Nesta 'dança' entre o antigo e o novo, entre a luz e a sombra, reside a verdadeira essência da arte nordestina: uma paixão pulsante que emana da terra, da fé e da resiliência de um povo. Cada imagem não é apenas um registro, mas um grito de amor por essa terra, uma celebração da sua gente e uma homenagem à sua cultura vibrante. 

É a delicadeza dos bilros tecendo rendas no ar, a fé em cada novena sussurrada, a ancestralidade da arte com palha, a beleza das árvores secas sob o sol escaldante, a identidade no chapéu de couro do vaqueiro, e a força da devoção que move as benzedeiras, tudo transbordando em cada pixel, convidando o observador a se entregar de corpo e alma a essa paixão que move o Nordeste.

Rostos e olhares

Os rostos que emergem das lentes são telas vivas, habilmente pintadas pela própria existência, revelando histórias de resiliência inquebrantável e esperança que floresce em meio às adversidades. Nos olhares, captura-se o vasto oceano das emoções humanas, onde risos e lágrimas se misturam em uma simbiose tão antiga quanto a água e o sal. As texturas, por sua vez, narram a dureza ancestral e a beleza intrínseca da terra; cada ruga na pele, cada fissura no solo, transforma-se em um verso pungente do poema telúrico que o sertão escreve diariamente com tinta solar.

Os recantos e paisagens, cuidadosamente evocados por cada imagem que são sinfonias visuais que ressoam o cotidiano em cada feixe de luz e sombra, em cada detalhe capturado. 'Ser-tão' é, para nós, um poema lírico que dedicamos à condição humana, ao ser em toda a sua intrincada complexidade e, paradoxalmente, em sua mais pura simplicidade. É um mergulho corajoso que procuramos dar nas águas profundas das dualidades da existência, um convite à reflexão sobre a essência do viver ao sabor do tempo.
 
Celso Oliveira

Fotógrafo, começou a atuar em 1975. Carioca radicado em Fortaleza, trabalhou em importantes veículos da imprensa nacional como as revistas Veja e Visão, além dos Jornais O Globo, Meio Dia, O Povo e Diário do Nordeste. Foi laborista e fotógrafo da Agência Central de Fotojornalista (primeira agência de fotografia de São Paulo). 

Trabalhou para agências de publicidade como Ítalo Bianch, MPM, Mark Propaganda, CBC&A, Slogan Criação Ilimitada e For4. Em 1994 fundou a editora Foto-Arquivo Tempo D’Imagem, responsável por grandes publicações na área de fotografia, algumas de sua própria autoria: Marde de Luz, A Corte Vai Passar, O Olhar de Cada Um, Brasil Bom de Bola, Visões do Imaginário e Quem Somos Nós, além dos livros editados pela Tempo D’Imagem. 

As fotos de Celso Oliveira ilustram páginas de outras publicações no Brasil e no exterior: Novas Travessias, Contemporary Brasilian Photografhy, de Maria Luisa Melo Carvalho (1996), CD Tempo de cidades, Nova York, EUA (1996), Verdes Lentes, de Zé do Boni, São Paulo, Brasil (1996), Ceará Terra da Luz (1996) e Brasil sem Fronteiras. Nos mais de trinta anos de profissão, Celso Oliveira Participou de diversas exposições individuais e coletivas, ganhando reconhecimento nacional e internacional com um trabalho que revela além da paixão pela fotografia o olhar sensível sobre o cotidiano e a cultura do Brasil.

Marcos Vieira

Fotógrafo desde os 9 anos, sociólogo, professor do IFCE e PcD, construiu uma trajetória ímpar, onde a sensibilidade artística e o olhar analítico se complementam, gerando impacto. Formado em Sociologia, sua paixão pela fotografia transcende o mero registro, tornando-se uma ferramenta poderosa de expressão e documentação social. 

No Instituto Federal do Ceará (IFCE), Vieira compartilha seu vasto conhecimento, formando e inspirando novas gerações. Sua obra fotográfica é marcada por exposições de relevância nacional e internacional. Em 1992, "Viçosa: natureza, gente e cultura" abriu caminho no prestigiado MAUC. No ano seguinte, "A luz não tem idade", retratando idosos em "Nordeste Armorial", ganhou o Brasil através do Sesc, demonstrando seu vasto alcance. 

Mais recentemente, projetos como "Rastros e Atalhos de Aracati" (2015) e "Mulheres Cearenses" (2018) solidificaram sua atuação no cenário cultural. O ápice veio com "Iandé Atã Joaju – Juntos Somos Fortes" (2019-2022), profunda imersão na etnia Tremembé, que ecoou até a Universidade de Salamanca, na Espanha, sublinhando sua capacidade de dar voz e visibilidade a essas comunidades.

Sua habilidade como fotógrafo profissional se estende à produção de capas de CDs, livros e catálogos, e à atuação em revistas nacionais e internacionais entre 1994 e 2000. Reconhecido por três vezes na Unifor Plástica (2005, 2007, 2011), Marcos Vieira continua seu trabalho com ênfase na documentação cultural e social, provando que a arte é um poderoso agente de transformação. Sua jornada é um testemunho.