Fortaleza pode ter até 15 prédios demolidos em 2 anos dando lugar a novos edifícios

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A ideia do Projeto Lazarus é do arquiteto e empresário Jayme Leitão, CEO da incorporadora Reata.  O Valor Geral de Vendas (VGV) dos imóveis potenciais, que permitem renovação urbana nas áreas onde estão encravados, é estimado entre de R$ 3,3 bilhões a R$ 3,5 bilhões, revela Foto: Regina Carvalho

Um projeto de grande porte e inovador chamado de Operação Lazarus, promovendo a requalificação de terrenos e "recomeços", está em curso em Fortaleza.

A execução se dá na região nobre da Capital cearense, em prédios antigos e deteriorados, cujos proprietários não têm condições de dar a manutenção necessária para garantir a segurança da edificação, muitos deles sem elevador. A ideia é da Reata, precisamente do arquiteto Jayme Leitão, CEO da incorporadora.

70 edifícios potenciais

Na região do Meireles, inicialmente, foram verificados todos os imóveis que poderiam se prestar a esse tipo de operação, com uma visita a 70 edifícios. Com isso, a Reata possui uma espécie banco de prédios nos quais poderá se debruçar até por de duas a quatro décadas, apostando na iniciativa, conta Leitão. 

Valor Geral de Vendas

O Valor Geral de Vendas (VGV) do estoque do Projeto Lazarus é estimado entre R$ 3,3 bilhões a R$ 3,5 bilhões, revela Jayme Leitão. Os empreendimentos que surgem a cada iniciativa, segundo destaca o empresário, são de alto padrão de urbanismo, paisagismo e arquitetura elevados.

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Um exemplo de requalificação urbana da Reata é o projeto do edifício Alameda, que terá lugar na Av. Desembargador Moreira, chegando ao Náutico. O edifício trará também homenagem a quatro pescadores cearenses que ficaram na história Foto: Regina Carvalho

Já previstos

Para começar "são pelo menos 14 ou 15 prédios que podem ser demolidos nos próximos dois anos, dando lugar a novos edifícios com fachada ativa, nível de conforto maior e os moradores voltarão a residir no mesmo local", ressalta o empresário. 

Além disso, acrescenta, a Prefeitura arrecadará mais em IPTU, diante da requalificação e dos novos empreendimentos que irão surgir, com mais unidades imobiliárias. A paisagem urbana ganha com a renovação na área onde os antigos prédios estavam encravados, completa. 

Símbolo cearense

Um exemplo de projeto é o do edifício Alameda, que terá lugar onde opera o Hotel La Maison, localizado na Av. Desembargador Moreira, chegando ao Náutico. O edifício contará com unidades compactas e lojas de serviços, mas com um significado para aquela área.

O destaque será uma estrutura arquitetônica que privilegia homenagem a pescadores cearenses, que foram eternizados no filme "It´s all true", do cineasta Orson Welles. Registros da verdadeira saga dos pescadores também foram feitos pelo fotógrafo Chico Albuquerque. Ele foi o autor do livro Mucuripe, que reúne as fotos produzidas na década de 1950, no litoral cearense.

A imagem, a ser inserida na estrutura da fachada do edifício Alameda, segundo o arquiteto e empresário, poderá ser uma fotografia impressa em azulejo ou em pintura urbana do artista do grafite Eduardo Kobra. Além disso, no local do edifício, haverá uma escultura em bronze da Jangada São Pedro e dos quatro pescadores, símbolos cearenses, que fizeram uma viagem até o Rio de Janeiro, sem bússola. 

Início das obras

As obras do Alameda devem ser iniciadas no começo de 2025, com a expectativa de execução de três anos, estima o empresário. O VGV ainda não foi informado.

Outros imóveis que estão em processo de negociação também como parte do Projeto Lazarus, estão na Av. Santos Dumont. Trata-se dos edifícios Bagatelle e Demoiselle, local onde o plano é erguer novas torres residenciais.

Como funciona o Lazarus

"Mais do que o plano de investimento de uma empresa, o projeto se torna uma ferramenta de renovação urbana, numa área estratégica de Fortaleza", define Jayme Leitão. "Se trata de refazer o local, passando não apenas a um novo imóvel, mas também a um novo padrão de vida", classifica. 

Para tanto, a incorporadora adquire unidades nos prédios mapeados, expõe o projeto aos atuais proprietários. Diante da aceitação de todos e juridicamente legalizado, é realizada a demolição das edificações antigas e no terreno ergue-se uma ou mais torres, sendo comercializadas as demais unidades que estarão no novo projeto. Os antigos moradores do terreno passam a ocupar unidades do empreendimento, parte que lhes cabe pela cessão do seu imóvel anterior.

Operação da Reata

O modelo de negócio da Reata funciona da seguinte forma: "reunimos pessoas em grupos de investimentos, sem financiamento bancário, diferente de todas as incorporadoras, em sistema de condomínio fechado. O pagamento total do imóvel é realizado durante a execução da obra. Mas isso só pode ser realizado entre clientes de alta renda”, destaca o empresário.

Na prática

O Lazarus surgiu da ideia de realocação de moradores do antigo edifício Versailles, onde desabou parte da estrutura de varandas. O edifício foi embargado e a mecânica de negócio com a realocação das famílias ocorreu após a demolição de dois edifícios e de novas torres erguidas.