Grupo estratégico por soluções ao tarifaço dos EUA reúne governo federal, do Ceará e Fiec

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O objetivo de alinhar estratégias para diminuir os impactos da medida dos EUA sobre a economia nacional, especialmente sobre o Ceará, Estado mais exposto à medida, com 51,9% de suas exportações destinadas ao mercado norte-americano Foto: Divulgação/Fiec

Diante das novas tarifas sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, previstas para entrar em vigor a partir do dia 1º de agosto, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) participou, ao lado do Governo do Estado do Ceará, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) e de empresários cearenses, de uma reunião com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, na terça-feira (29/07), em Brasília. 

Grupo de Trabalho

Após o encontro, a delegação formalizou a criação de um grupo de trabalho conjunto, com participação do Governo do Estado, técnicos do Governo Federal e representantes do empresariado cearense, com o objetivo de articular estratégias diante dos efeitos esperados a partir de 1º de agosto.

A reunião foi articulada com o objetivo de alinhar estratégias para diminuir os impactos da medida sobre a economia nacional, especialmente sobre o Ceará — Estado mais exposto à medida, com 51,9% de suas exportações destinadas ao mercado norte-americano. 

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, integrou a comitiva estadual, liderada pelo governador Elmano de Freitas, que também contou com a presença do presidente da Faec, Amílcar Silveira, do CEO da ArcelorMittal Pecém, Erick Torres, além de outros empresários de segmentos diretamente afetados, como aço, calçados, pesca e castanha de caju.

Sobre as deliberações da comitiva, o presidente da FIEC reforçou a necessidade de união entre os entes públicos e privados, destacando o papel decisivo do trabalho conjunto. "Nós estamos trabalhando full-time. Temos hoje no Ceará mais de 378 mil empregos com carteira assinada só na indústria. Isso representa mais de 30,2% de todos os empregos formais no estado. É uma responsabilidade muito grande. Por isso, FIEC, FAEC, o Governo do Estado e os empresários estão de mãos dadas para lidar com esse desafio com clareza, dados e ação coordenada", afirmou.

Impactos significativos

Segundo Cavalcante, os impactos potenciais são significativos. O gestor da FIEC citou o exemplo dos setores de pesca e calçados, que somam aproximadamente 150 mil empregos no Estado. No caso da pesca, parte significativa da produção é exportada para os Estados Unidos — mercado que já enfrenta entraves de entrada. Ele também alertou para a dificuldade de redirecionar exportações a curto prazo, devido a exigências regulatórias internacionais. 

"Exportar não é simplesmente mudar de mercado. Exige regulamentação, análises sanitárias, ambientais e estruturais. Não dá para fazer essa virada de chave do dia para a noite", explicou.

A reunião reforçou ainda a importância de uma resposta articulada, com base em dados estratégicos produzidos pelo Observatório da Indústria Ceará, que atua nessa pauta em parceria com o Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEC. 

"O nosso Observatório mapeia em tempo real os impactos sobre cada setor e nos ajuda a prospectar novos mercados e rotas de exportação. Isso nos dá condições de discutir essa pauta com profundidade e responsabilidade", destacou o presidente.

A FIEC segue acompanhando de forma contínua o desdobramento da pauta, em articulação direta com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os governos estadual e federal e os principais exportadores cearenses. A expectativa, segundo Ricardo Cavalcante, é que parte dos problemas possa ser resolvida por meio do diálogo, já que há também interesse de setores empresariais dos EUA em manter um equilíbrio nas relações comerciais.

Trabalho intenso

"O vice-presidente tem trabalhado intensamente, e nós também. No Ceará, estamos de mãos dadas, acompanhando de perto a situação com os maiores exportadores do estado”, afirmou. Cavalcante reforçou a necessidade de aguardar até o dia 1º de agosto para observar as decisões finais do governo norte-americano, destacando a complexidade do comércio de produtos semiacabados entre Brasil e EUA e a importância de manter o diálogo até o último momento para minimizar os impactos da medida.

O governador Elmano de Freitas agradeceu a todo o apoio da indústria cearense e ao vice-presidente, destacando que todos trabalham conjuntamente para manter os investimentos e o desenvolvimento econômico do Estado. 

"O Ceará é o estado mais afetado do Brasil, sendo metade da sua exportação destinada ao mercado americano. A conversa foi bastante positiva, principalmente no sentido de intensificar o diálogo e as negociações com os Estados Unidos, para que possamos ter alíquotas razoáveis. Também teremos o grupo de trabalho para, a partir do dia 1º de agosto, estarmos prontos para tomar as medidas que sejam necessárias, garantindo competitividade para as empresas brasileiras. Foi uma reunião positiva. O vice-presidente Alckmin ouviu com muita atenção todos os setores que estavam aqui representados".